CARÁTER INOVADOR DE UM PROJETO

por SEIbySus
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Um projeto inovador pode desenvolver-se com base em conhecimento existente internamente (através de atividades de I&D – Investigação e Desenvolvimento) ou obtido externamente.

Como referido no Manual de Oslo [1], a inovação não requere muitas vezes que haja I&D e que a mesma pode consistir na incorporação de tecnologias e práticas existentes noutros setores da economia.

De acordo com o Manual de Oslo, uma inovação consiste num novo produto (bem ou serviço) ou processo de negócio que diferem significativamente de outros produtos ou processos de negócio da empresa, e que foram introduzidos no mercado ou foram colocados em execução pela empresa.

A inovação consiste em novo conhecimento ou numa nova combinação de conhecimento.

O ponto de partida para uma inovação poderá ser a deteção de um mercado potencial para uma dada solução que necessita de ser desenvolvida.

A inovação assenta fundamentalmente em três dimensões:

  • INTERAÇÃO – A inovação envolve um processo de interação dentro da empresa, incluindo diferentes colaboradores, diferentes departamentos, gestores e de interação com outras empresas fornecedoras e concorrentes, a comunidade científica e os clientes. Esta interação está presente no modelo das ligações em cadeia de Kline e Rosenberg [2].

 

  • CARÁCTER SISTÉMICO – A inovação está muito dependente do contexto institucional, do sistema nacional de inovação instituído e da cultura existente.

 

  • ESTRUTURA PRODUTIVA DA ECONOMIA – As empresas são o elemento central do sistema de inovação. O padrão de especialização determina a criação de conhecimento e a aprendizagem. Deverá ser demonstrado o alinhamento da estratégia de negócio da empresa com os resultados do projeto de inovação e como estes podem ajudar a desenvolver o plano de negócios da empresa e a estratégia de internacionalização.

 

A título de exemplo, avaliam-se dois projetos da área das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e dois de Engenharia Civil e Química segundo os critérios apresentados, para se concluir sobre o seu carácter inovador.

 

Projeto com carácter inovador – Projeto S1

O projeto S1 visa o desenvolvimento de uma plataforma para disponibilização de serviços M2M (Machine to Machine).

A inovação do produto a desenvolver face ao estado da arte e à oferta no mercado resulta sobretudo da integração de diferentes tecnologias M2M numa plataforma de serviço com características que se podem considerar superiores ao estado da arte.

O produto a desenvolver tem potencial para ser explorado no mercado nacional, existindo, também, uma estratégia e competências para a sua exploração no mercado internacional.

 

Projeto sem carácter inovador – Projeto N1

O projeto N1 tem como objetivo o desenvolvimento de um equipamento que permite aos utilizadores controlarem o consumo de energia elétrica nas suas habitações.

O projeto não apresenta, no entanto, características diferenciadoras relativamente ao estado da arte.

Não é apresentado um plano de negócios nem uma estratégia de internacionalização consistente para este tipo de produto.

 

Projeto com carácter inovador – Projeto S2

O projeto S2 pretende o desenvolvimento de novos produtos para corrigir patologias em sistemas de isolamento térmico pelo exterior, através de um revestimento de pequena espessura.

O projeto apresenta um carácter forte de inovação dado se centrar na viabilidade de fabricação de um novo segmento de produtos que exigirá a definição e a aplicação de novos sistemas de produção.

São assim desenvolvidos novos produtos com características diferenciadoras.

 

Projeto sem carácter inovador – Projeto N2

O projeto N2 tem como objetivo a conceção, desenvolvimento e validação de sistemas para controlo de contaminantes num dado elemento.

O projeto até pode apresentar algum interesse, contudo dado o plano de trabalho ter uma descrição muito sucinta não permite a avaliação clara do seu carácter inovador.

O carácter inovador não está devidamente identificado. Apenas é definido que serão novos sistemas com diferentes misturas para posterior comercialização.

 

Bibliografia

[1] Oslo Manual: The measurement of scientific and technological activities, OECD Publishing

[2] Desenvolvimento sustentado da inovação empresarial, Modelos de Inovação, COTEC

 

João & Susana

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