O corredor verde e azul de Oeiras será ou não um dos últimos refúgios de natureza no meio urbano desta área metropolitana. Este espaço, que muitos veem como um simples baldio, é, na verdade, uma zona com grande potencial ambiental e de lazer, permitindo-nos desfrutar de trilhos, áreas verdes, e até proximidade ao mar. Recentemente, este espaço natural passou a estar no centro das atenções com o anúncio da construção de duas torres habitacionais além da sua revitalização do espaço verde. A questão que muitos de nós colocamos é: qual o impacto desta construção e quem realmente vai “pagar” por esta intervenção?
A ideia de urbanizar áreas “subutilizadas” é um tema complexo e polémico. Por um lado, é inegável que Oeiras está a crescer e, com esse crescimento, surge a necessidade de mais habitação. No entanto, ao escolhermos construir em locais naturais, sacrificamos uma área que poderia ser revitalizada de outra forma – um espaço que, com as devidas intervenções, poderia tornar-se um ponto de encontro para quem procura lazer e natureza sem sair da cidade.
A construção das torres levanta várias preocupações. Primeiro, o impacto ambiental: novas construções significam mais tráfego, mais poluição e menos espaço verde. O corredor verde será um espaço que que terá intervenções ecológicas, mantendo a sua função de “pulmão” da cidade, em vez de ser transformado para fins habitacionais. Esta transformação, sem dúvida, trará benefícios económicos para alguns, mas a questão é a quem realmente beneficia a perda de um espaço natural em prol de edifícios.
Além disso, alguém terá de “pagar” por esta intervenção. Mesmo que o projeto inclua melhorias na infraestrutura ou requalificação da zona natural, estas vêm muitas vezes em troca de concessões significativas ao setor imobiliário, que pouco deixam para a comunidade a longo prazo. O custo verdadeiro será sentido em termos de qualidade de vida, e aumento da pressão urbanística na zona. É um custo invisível, mas muito real, para os moradores de Oeiras.
É fundamental que nós, enquanto comunidade, participemos nestas discussões e expressemos a nossa visão sobre o que desejamos para o futuro das cidades. Os espaços naturais em meio urbano não são meros terrenos baldios – são oportunidades para criar zonas de convívio, para reduzir a pegada de carbono da cidade e para aumentar a qualidade de vida de todos.
A escolha é local, e o impacto será sentido por todos. Nunca é um equação linear e de fácil decisão…