Recentemente fui convidado para fazer uma apresentação numa escola secundária sobre a minha área de trabalho — a construção civil. Uma oportunidade fantástica de mostrar aos alunos o que realmente fazemos, desmistificar ideias e, quem sabe, despertar algumas vocações. Mas, mais do que falar, também tive a oportunidade de ouvir. E observar.
Além de mim, outros colegas de diferentes áreas também partilharam as suas experiências. E confesso: fiquei com a sensação de que ainda estamos muito longe de conseguir comunicar com os jovens de forma eficaz. As apresentações eram, na maioria, pouco atrativas, com equipamentos antigos e com pouca possibilidade de experimentar.
Os alunos do ensino secundário não precisam de ouvir e ver exatamente o que aprendemos no segundo ano da licenciatura, por exemplo não querem ver gráficos de rendimento de betão ou organogramas de estruturas académicas. Eles querem perceber o porquê. Por que razão vale a pena seguir aquele caminho? Que impacto tem aquela profissão no mundo real? Como é o dia a dia de quem trabalha naquela área? Que projetos concretos podem inspirar? E, acima de tudo, querem sentir entusiasmo, paixão e verdade.
A forma como apresentamos o ensino superior aos alunos do secundário precisa de uma mudança de abordagem. Mais conversas, menos monólogos. Mais histórias reais e jogar com o conhecimento. Trazer exemplos práticos, experiências interativas, desafios que envolvam. Mostrar que as profissões têm alma, propósito e utilidade — não apenas disciplinas e exames.
A responsabilidade de atrair novos talentos para cada área também é nossa. E se não formos capazes de comunicar com quem ainda está a escolher o seu caminho, estamos a perder oportunidades valiosas de fazer crescer as nossas profissões com gente motivada e curiosa.
Está na altura de adaptarmos a mensagem — porque o conteúdo pode ser incrível, mas se a forma não captar a atenção, o resto perde-se.