Quem já tentou fazer uma pequena obra em casa — seja trocar o chão de uma divisão, pintar umas paredes ou renovar a casa de banho — sabe bem que o verdadeiro desafio começa muito antes das ferramentas entrarem pela porta. Começa logo… nos orçamentos.
É um processo que, à partida, deveria ser simples: descrevemos o que queremos, enviamos a proposta a alguns profissionais e esperamos resposta. Mas, na prática, é uma verdadeira maratona de espera, follow-ups e paciência. Há orçamentos que demoram mais de 4 meses a chegar — sim, quatro. E isto não é um exagero. Quando finalmente aparecem, por vezes já se passou tanto tempo que até já mudámos de ideias ou tivemos tempo de repensar tudo. Pedir uma revisão? Preparem-se para mais umas quantas semanas (ou meses) de silêncio.
É frustrante. Mesmo para quem, como eu, está dentro da área e conhece bem os processos, continua a ser difícil aceitar este tipo de demora e falta de profissionalismo. O mais irónico é que somos nós, os clientes, quem tem de andar atrás, a insistir, a relembrar que ainda estamos à espera, como se estivéssemos a pedir um favor.
Há excelentes profissionais no mercado, claro que sim. Mas a verdade é que este tipo de experiência está longe de ser exceção. Tornou-se quase “normal”. E quando o normal é isto — falta de resposta, desorganização e prazos arrastados — é natural que muitos desistam antes mesmo de começar a obra.
Isto levanta uma questão importante: será que, no setor da construção e remodelação, estamos a dar o devido valor à relação com o cliente? E se não, não estará na altura de mudar?