Estamos em plena época de provas de dissertação de mestrado, um período que, para muitos, pode parecer apenas intenso e cheio de responsabilidades. Contudo, para nós, docentes, é muito mais do que isso. É um momento de culminar esforços, de celebrar o progresso e, acima de tudo, de testemunhar como o conhecimento cresce e se transforma.
Esta semana, acompanhei três alunos cujas dissertações tive o privilégio de orientar. Para a próxima, estarei do outro lado da mesa como arguente em provas de três outros estudantes. Estes dias são uma verdadeira montanha-russa de emoções, marcados por desafios, conquistas e aprendizagens mútuas.
Orientar: Um Caminho de Crescimento Partilhado
Ser orientador de uma dissertação é uma experiência única e enriquecedora. Não é apenas ensinar ou supervisionar – é, muitas vezes, ser um guia num percurso de descoberta. Cada aluno traz consigo uma perspetiva, um conjunto de ideias e desafios únicos que nos obrigam a repensar e aprofundar o nosso próprio conhecimento.
O processo começa com as dúvidas iniciais, a insegurança sobre o tema e as dificuldades em estruturar ideias. Mas, com o passar do tempo, é compensador ver como a confiança dos alunos cresce, como as suas perguntas se tornam mais profundas e como as soluções propostas começam a ganhar forma. A defesa de uma dissertação é o ponto alto deste percurso – um momento em que os alunos apresentam o fruto do seu esforço e dedicação, mostrando não apenas o que aprenderam, mas o que contribuíram para a área de estudo.
Esta semana, ao assistir às provas dos meus três orientados, senti um orgulho imenso. Cada um, com a sua individualidade, enfrentou os desafios, respondeu às questões e defendeu com propriedade o trabalho que desenvolveu. Estes momentos são a razão pela qual escolhemos este caminho académico – para ver o impacto que podemos ter na formação e no crescimento intelectual dos outros.
A Perspetiva do Arguente: Questionar para Inspirar
Na próxima semana, o meu papel será diferente. Como arguente, terei a oportunidade de analisar e debater os trabalhos de três outros alunos. Este papel é igualmente desafiador e fascinante. Enquanto orientador, somos um pilar de suporte. Enquanto arguente, somos provocadores – no melhor sentido da palavra.
O papel do arguente não é apenas avaliar, mas também questionar, estimular a reflexão e desafiar o aluno a olhar para o seu trabalho de outra perspetiva. Este processo de troca de ideias, de análise crítica e de debate é fundamental para que os alunos reconheçam o valor do pensamento aberto e da evolução contínua do conhecimento.
Por outro lado, ser arguente é também uma oportunidade para aprender. Cada dissertação é um mundo novo, uma porta para temas e abordagens que, por vezes, nos eram desconhecidos. Não é raro sair de uma prova com novos insights ou ideias que podemos levar para a nossa própria investigação e prática docente.
A Evolução do Conhecimento: Um Ciclo Sem Fim
Seja como orientador ou arguente, o que torna esta época especial é a oportunidade de testemunhar o crescimento intelectual dos alunos e o impacto que os seus trabalhos têm na construção do conhecimento. Cada dissertação, por mais pequena que possa parecer no contexto global, é uma peça importante no puzzle da ciência e da inovação.
O conhecimento é um ciclo – ensinamos, orientamos, avaliamos, mas também aprendemos com cada aluno, cada prova e cada troca de ideias. Este ciclo constante é o que torna o nosso papel como docente tão gratificante. Ver a evolução de alguém, desde as primeiras reuniões até à defesa da dissertação, é mais do que um marco académico. É uma celebração do potencial humano e da força transformadora da educação.
Compensador e Inspirador
Apesar da intensidade que caracteriza esta época, é impossível não sentir um profundo sentido de realização e gratidão. Orientar e avaliar dissertações é, sem dúvida, uma das facetas mais exigentes da docência no ensino superior, mas é também uma das mais recompensadoras.
Quando vejo os meus alunos a apresentar com confiança e a defender o que criaram, sei que todo o esforço valeu a pena. E quando, como arguente, questiono e contribuo para um debate mais rico, sinto que estou a fazer parte de algo maior: a construção e a evolução do conhecimento.
É por isso que, apesar do cansaço, não trocaria esta experiência por nada. São momentos como estes que nos lembram do poder transformador da educação – e do privilégio que é estar no centro desse processo.