A construção civil é um dos pilares fundamentais da sociedade, influenciando diretamente a qualidade de vida das pessoas e a forma como interagimos com o espaço que nos rodeia. Mas, para acompanhar as exigências do mundo moderno – marcado por avanços tecnológicos, preocupações ambientais e mudanças sociais –, o ensino na construção civil precisa de uma transformação profunda. Como coordenadora do curso técnico profissional de construção civil da ESTBarreiro/IPS estou sempre a refletir do que pode e deve ser perspetivado.

  1. Mais tecnologia, mais competências
    Vivemos na era da digitalização, onde conceitos como a modelação BIM (Building Information Modeling), impressão 3D e automação de processos já não são apenas tendências, mas realidades que moldam o setor. Por isso, o ensino na construção civil deve integrar estas ferramentas tecnológicas nos currículos, capacitando os profissionais para lidar com projetos mais complexos e otimizados.

Além disso, a formação deve focar-se em competências digitais e analíticas, como a interpretação de dados em tempo real, o uso de drones para levantamento topográfico e o design de estruturas inteligentes e sustentáveis. Estas competências não só aumentarão a eficiência dos profissionais, como também os posicionarão como peças-chave no futuro da construção.

  1. Sustentabilidade como eixo central
    O futuro do ambiente construído será (e precisa ser) “verde” ou melhor mais ligado ao ambiente natural. A crescente preocupação com as alterações climáticas, em especial construção resiliente, e a pegada ambiental, reduzir usos de recursos no edificado, exige que o ensino na área da construção coloque a sustentabilidade no centro da formação.

Isto implica ensinar práticas como a utilização de materiais recicláveis, técnicas de construção passiva ou bioclimática para eficiência energética, gestão de resíduos e design ecológico. Além disso, é crucial educar os profissionais sobre normas ambientais, certificações e metodologias de avaliação de impacto ambiental, para que possam liderar projetos que respeitem o planeta.

  1. Formação prática e multidisciplinar
    O ensino na construção civil deve priorizar uma abordagem prática e multidisciplinar. A formação prática, em ambientes reais ou simulados, é essencial para que os alunos entendam os desafios do setor e ganhem competências para os superar.

Ao mesmo tempo, a construção não é uma disciplina. É importante que os profissionais compreendam como colaborar com engenheiros, arquitetos, designers e até especialistas em energia ou biologia. A interdisciplinaridade não só promove soluções mais inovadoras como prepara os profissionais para trabalhar em equipa e adaptar-se a contextos diversos.

  1. Valorização e atratividade do setor
    Para atrair novos talentos, é fundamental que o ensino na construção civil valorize as profissões do setor. Muitas vezes, carreiras na construção são vistas como “trabalho pesado”, mas é crucial mostrar que estas áreas também envolvem criatividade, liderança e inovação tecnológica.

Escolas e universidades podem investir em programas de mentoria, estágios atrativos e parcerias com empresas para demonstrar o potencial de crescimento no setor, desde operários especializados até gestores de projeto.

  1. Formação contínua ao longo da carreira
    A evolução do setor não se dá apenas nos bancos da escola. É necessário promover a formação contínua ao longo da vida profissional, com cursos de especialização, workshops e acesso a certificações relevantes. Um trabalhador ou gestor que se mantém atualizado terá melhores oportunidades e contribuirá com mais valor para o setor.

O ensino na construção civil deve evoluir para formar profissionais preparados para os desafios de um mundo em constante mudança. A integração da tecnologia, o foco na sustentabilidade, a valorização da prática, a colaboração multidisciplinar e a aposta na formação contínua são essenciais para criar uma nova geração de construtores.

Afinal, construir vai além de erguer edifícios – é criar o futuro. E, para isso, precisamos de profissionais qualificados, conscientes e visionários. Eu tenho muito orgulho dos que têm saído na nossa escola, mas acredito que ainda podemos fazer mais e melhor!

 

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