Quando penso no Natal em Famalicão da Serra, vêm-me à cabeça muitas coisas: as luzes que iluminam as noites frias, o cheirinho a bolo na lenha, as conversas à porta de casa enquanto o frio nos abraça. Mas há algo que nos define profundamente, algo que corre sob os nossos pés, nas nossas casas e nas nossas vidas: a água.
Aqui, a água não é apenas abundante, é especial. Em Famalicão, temos água pura, cristalina, daquela que apetece beber direto da fonte. É um privilégio tão enraizado na nossa vivência que, por vezes, quase esquecemos o quão valioso ele é. No entanto, quando os dias de Natal chegam e a aldeia se enche de vida, a água ganha um protagonismo que parece sussurrar histórias antigas.
É a água que alimenta as nossas mesas festivas, que enriquece os nossos pratos e que sacia quem regressa à terra nesta época mágica. É ela que lava as mãos de quem amassa o pão caseiro e prepara o bacalhau para a ceia. É ela que desliza entre as pedras das fontes e nos relembra a pureza que ainda temos, num mundo que tanto perdeu.
Mas a água de Famalicão é mais do que um recurso. É uma metáfora de quem somos. Assim como ela corre livre pelos campos e montes, nós também temos esta liberdade de viver de forma autêntica, conectados com o que é essencial. No Natal, essa ligação é ainda mais forte. A água junta-se às nossas tradições e reflete a essência do que partilhamos: algo genuíno, puro e de valor inestimável.
Enquanto muitos se preocupam com a escassez, aqui, celebramos a abundância com gratidão. O privilégio de abrir uma torneira e encher um copo com água que sabe a montanha e a frescura é algo que nunca deveríamos tomar como garantido. É como um presente de Natal permanente, oferecido pela natureza e cuidado por gerações.
Nesta altura do ano, a água de Famalicão parece ainda mais viva. As fontes continuam a murmurar histórias, enquanto as famílias se reúnem para criar memórias. E cada gole dessa água limpa e fresca é uma lembrança silenciosa de que o que temos em Famalicão não se encontra em qualquer lugar – é um tesouro.
Por isso, enquanto o Natal nos convida a agradecer pelo que é importante, eu brindo com um simples copo de água da nossa terra. Porque em Famalicão da Serra, o Natal não seria o mesmo sem a pureza e a vida que a nossa água nos dá.
Bem-haja Famalicão da Serra!