Quando Todos Chumbam: Reflexões de Uma Docente Preocupada

by Susana Lucas
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Receber as notas de um exame e perceber que todos os alunos ficaram abaixo de 6 valores não é, para mim, apenas um dado estatístico, não foi a mim que me aconteceu, mas fiquei a saber que acontecia com recorrência a outro colega. Para mim é um sinal de alarme. Um daqueles momentos em que, como docente, para tudo e começo a fazer perguntas — não aos alunos, mas primeiro a nós mesmos como docentes.

Será que a avaliação foi desalinhada com o que trabalhámos nas aulas?
Será que houve exigência a mais, sem preparação adequada?
Ou será que, por outro lado, estamos perante uma falta de compreensão efetiva por parte dos alunos, mesmo entre alguns que são repetentes?

Provavelmente não há uma única resposta — há um conjunto de fatores. Mas o que sei com clareza é que não se pode ignorar o resultado. Quando os resultados são tão negativos de forma generalizada, é um erro assumir, de imediato, que “o problema está nos alunos”.

A Avaliação Deve Ser um Espelho, Não uma Armadilha

A avaliação deve refletir o que se ensinou e, sobretudo, o que se aprendeu. Se essa ponte falha, não serve de muito apontar dedos. O mais honesto, e também o mais pedagógico, é abrir espaço para escuta e análise conjunta.

Numa situação como esta, o meu instinto é sentar-me com os alunos, perguntar diretamente:

  • O que sentiram ao fazer o exame?
  • O que achavam que estava mais preparado — e o que não?
  • Como estudaram?
  • O que é que esperavam ver — e o que surgiu de surpresa?

Este diálogo não é para justificar ou suavizar as exigências, mas para compreender onde se quebrou a ligação entre o ensino e a aprendizagem.

A Docência é também um Ato de Humildade

Ensinar implica responsabilidade, mas também humildade. Nem sempre acertamos. E quando não acertamos, a melhor atitude é a de quem quer melhorar: rever métodos, refletir sobre as estratégias de ensino, ajustar materiais e, acima de tudo, não perder a empatia.

A minha preocupação não é que os alunos saibam tudo à primeira — é que saibam que podem crescer, aprender e contar com o docente que está atento ao processo, e não apenas ao resultado.

Quando todos os alunos falham, a pergunta não é “porquê que eles não conseguiram?” — é também “onde é que eu posso fazer diferente?”
E é por aí que se deve escolher recomeçar.

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