Reflexões sobre a Formação em Inteligência Artificial para Professores do Ensino Superior

por Susana Lucas
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Recentemente, tive a oportunidade de participar numa formação dedicada à utilização de Inteligência Artificial (IA) no ensino superior, e foi uma experiência enriquecedora sob diversos aspetos. A formação destacou-se não só pelo conteúdo, mas também pela diversidade de conhecimentos e práticas entre os participantes. No entanto, também revelou os desafios que muitos de nós, enquanto docentes, enfrentamos ao tentar acompanhar a constante evolução tecnológica.

A Diversidade de Conhecimentos e Práticas

Um dos aspetos mais marcantes desta formação foi a grande variedade de perfis entre os professores presentes. Havia quem já utilizasse ferramentas avançadas de IA nas suas aulas, integrando sistemas de recomendação ou programas de análise de dados, enquanto outros, como eu, limitavam a sua experiência a ferramentas mais acessíveis e amplamente conhecidas, como o ChatGPT.

Esta diversidade foi, ao mesmo tempo, inspiradora e desafiadora. Por um lado, é motivador perceber como a IA está a ser utilizada para melhorar práticas pedagógicas e facilitar processos de aprendizagem. Por outro, tornou evidente a necessidade de suporte e tempo para quem ainda está a explorar este vasto universo, tentando compreender como diferentes ferramentas podem ser adaptadas à sua realidade.

O Meu Caso: Uma Relação Limitada com a IA

Até ao momento, a minha principal interação com IA tem sido através do ChatGPT, uma ferramenta que considero acessível, prática e poderosa na criação de conteúdos, apoio ao planeamento de aulas e na resposta a questões mais imediatas. No entanto, durante a formação, deparei-me com a realidade de que a IA vai muito além disso. Desde plataformas de análise preditiva até soluções para personalização da aprendizagem, há um mundo de possibilidades que, sinceramente, me parecem difíceis de alcançar sozinha.

O maior obstáculo não está apenas na complexidade técnica de algumas ferramentas, mas também na gestão de tempo. Como professora, a carga de trabalho já é exigente, e dedicar horas para explorar, experimentar e dominar novas ferramentas muitas vezes parece um objetivo ambicioso e, por vezes, inalcançável.

Desafios para Docentes na Era da IA

A formação também me levou a refletir sobre os desafios que muitos professores enfrentam ao integrar a IA nas suas práticas pedagógicas:

  1. Falta de Tempo: Conciliar as responsabilidades diárias de ensino, investigação e gestão com o tempo necessário para explorar novas ferramentas tecnológicas é uma dificuldade partilhada por muitos.
  2. Curva de Aprendizagem: Algumas ferramentas de IA exigem conhecimentos prévios de programação ou análise de dados, o que pode ser desmotivador para quem não tem esse background.
  3. Falta de Suporte: Apesar das formações disponíveis, muitos professores sentem a necessidade de acompanhamento mais personalizado para adaptar as tecnologias às suas realidades específicas.
  4. Acompanhamento da Inovação: O ritmo acelerado de evolução tecnológica pode ser intimidante, especialmente para quem tenta acompanhar de forma independente.

O Que Retirei da Formação

Apesar das dificuldades, esta formação trouxe-me vários insights valiosos:

  • A Importância de Começar Pequeno: Percebi que não é necessário dominar todas as ferramentas de uma só vez. Podemos começar por integrar a IA em pequenos aspetos do ensino e expandir à medida que nos sentimos mais confortáveis.
  • Acolher a Colaboração: Trabalhar em rede com outros docentes pode facilitar a partilha de experiências e boas práticas, permitindo-nos aprender com quem já avançou nesse caminho.
  • Procurar Apoio: Sempre que possível, pedir apoio institucional ou técnico pode ser um atalho valioso para ultrapassar barreiras.

O Futuro: IA ao Serviço do Ensino

Saí desta formação com a certeza de que a IA não é uma tendência passageira, mas uma ferramenta que continuará a transformar o ensino superior. No entanto, também reconheço que cada professor tem o seu próprio ritmo de adaptação e que isso deve ser respeitado.

Para mim, a prioridade será continuar a explorar gradualmente, mantendo o foco naquilo que realmente pode melhorar a minha prática pedagógica e o impacto nos meus alunos. E, acima de tudo, lembrar-me de que o objetivo da IA não é substituir o professor, mas sim complementá-lo, permitindo-nos concentrar no que fazemos de melhor: ensinar e inspirar.

Se, como eu, ainda estás a descobrir as possibilidades da IA, não desistas. Cada passo, por menor que pareça, é um avanço significativo no caminho para um ensino mais inovador e eficaz.

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