Quando ouvimos falar em “comunicação de ciência”, pensamos de imediato em explicar descobertas ao público, escrever artigos em revistas ou dar entrevistas. Mas a realidade é muito mais complexa. Comunicar ciência não se limita a traduzir conceitos técnicos para linguagem acessível: é também saber gerir relações, coordenar equipas, garantir financiamento e dar visibilidade ao trabalho realizado.
- Comunicar para financiamento
Projetos científicos precisam de recursos. Saber apresentar uma proposta, construir um argumento sólido e convencer avaliadores ou investidores é um exercício de comunicação estratégica. Não se trata apenas de números e resultados esperados, mas de contar uma história que mostre impacto, relevância e inovação.
- Comunicar dentro do consórcio e com partes interessadas
A investigação atual é cada vez mais colaborativa. Universidades, centros de investigação, empresas e associações trabalham juntos em consórcios nacionais e internacionais. A comunicação eficaz entre parceiros evita mal-entendidos, reforça a confiança e acelera a execução dos trabalhos. Inclui relatórios claros, reuniões bem estruturadas e ferramentas digitais que facilitem a partilha de informação.
- Comunicar a gestão do projeto
Gerir um projeto científico implica planear, acompanhar tarefas e avaliar resultados. A comunicação interna – para equipas e decisores – é essencial para manter todos alinhados. Transparência, clareza e regularidade são pilares fundamentais.
- Comunicar com a comunidade científica
Artigos científicos, conferências e workshops continuam a ser canais centrais. Mas também aqui é preciso ir além do texto técnico: usar gráficos claros, dados bem organizados e narrativas que realcem a relevância dos resultados aumenta o impacto e a taxa de citação.
- Comunicar como pessoa de ciência
Os investigadores são, antes de mais, pessoas. A forma como comunicam – nas redes sociais, em palestras ou informalmente – constrói a sua reputação e influencia oportunidades futuras. Competências como escuta ativa, empatia e clareza são tão importantes como o domínio do tema.
- Competências em falta, oportunidades a ganhar
Muitos cientistas não recebem formação formal em comunicação. No entanto, esta é uma competência transversal e crítica para o sucesso de qualquer projeto. Investir em workshops, mentoring e ferramentas práticas pode fazer toda a diferença.
Comunicar ciência é muito mais do que comunicar ciência. É um ato estratégico e multifacetado que liga investigadores, financiadores, gestores, decisores e sociedade. Ao desenvolvermos estas competências, potenciamos não só os resultados científicos, mas também a sua relevância e impacto no mundo real.
Quem sente esta dificuldade/oportunidade de melhoria?
