Quando pensamos num projeto de construção, a nossa mente tende naturalmente a focar-se no início: o planeamento, a execução, a entrega final. No entanto, há uma dimensão cada vez mais crucial que deve ser considerada desde o primeiro momento — a desmontagem.
Construir a pensar na desmontagem significa projetar edifícios e infraestruturas que, no final da sua vida útil, possam ser desmontados de forma eficiente, segura e sustentável. Este conceito, alinhado com os princípios da economia circular, promove não só a redução de resíduos como também a reutilização e a reciclagem de materiais.
Mas como fazer isto na prática?
Desde logo, na fase de projeto, é fundamental selecionar materiais que possam ser facilmente separados e reutilizados ou reciclados. Sistemas construtivos modulares, uniões mecânicas (em vez de colagens ou soldaduras permanentes) e o uso de materiais recicláveis são estratégias-chave.
Outra dimensão importante é a documentação técnica: os projetos devem incluir informações claras sobre a desmontagem futura, orientando equipas que, possivelmente décadas depois, terão de intervir sem conhecer o processo original de construção.
Finalmente, pensar na desmontagem obriga-nos a questionar: o que fazer com os materiais?
- Materiais em bom estado podem ser reaproveitados noutros projetos.
- Elementos estruturais podem ser adaptados ou transformados.
- Resíduos inevitáveis devem ser encaminhados para reciclagem especializada, minimizando o impacto ambiental.
Ao projetarmos a construção já a pensar na desmontagem, estamos não só a ser responsáveis ambientalmente, mas também a criar edifícios mais inteligentes, mais adaptáveis e mais alinhados com as exigências do futuro.
Construir para durar. Desmontar para regenerar. Este é o verdadeiro desafio da construção atual.
