Desistência no Ensino Superior em Portugal: Um Alerta que Não Podemos Ignorar

by Susana Lucas
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O ensino superior em Portugal enfrenta um desafio sério e persistente: a elevada taxa de abandono escolar. De acordo com dados recentes, existem 11 cursos em que todos os alunos acabam por desistir. Sim, leste bem — 100% de desistência. E nos Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP), o cenário também é preocupante: 28,1% dos estudantes desistem ainda no 1.º ano.

Estes números não são apenas estatísticas secas; são histórias de jovens que iniciam um percurso académico com expectativas e sonhos e que, por múltiplas razões, acabam por não o concluir.

O que está a falhar?

As causas do abandono são diversas e complexas:

  • Escolhas pouco informadas: Muitos estudantes entram no ensino superior sem uma real noção do que os espera ou escolhem cursos com base em médias e não em vocações.
  • Falta de apoio pedagógico e psicológico: A transição do secundário para o ensino superior pode ser desafiante e, em muitos casos, solitária.
  • Problemas económicos: Há alunos que não conseguem conciliar os estudos com a necessidade de trabalhar para se sustentarem.
  • Desajuste entre a formação e o mercado de trabalho: Cursos demasiado teóricos ou com pouca ligação à prática podem desmotivar.

E os CTeSP?

Os CTeSP foram criados com o objetivo de dar uma formação técnica mais próxima das necessidades do mercado. No entanto, mesmo nesses cursos — que teoricamente deveriam ser mais atrativos para quem procura uma entrada rápida no mundo do trabalho — a taxa de abandono no primeiro ano é preocupante.

28,1% de desistência num único ano significa que mais de 1 em cada 4 alunos não consegue sequer completar o primeiro passo. Isto levanta sérias questões sobre:

  • A adequação dos programas;
  • A preparação dos estudantes à entrada;
  • A integração com as instituições de ensino e com as empresas.

É preciso agir — e depressa

O abandono escolar no ensino superior tem custos elevados, não só para os estudantes e as suas famílias, mas também para o país. Perde-se talento, investimento e tempo. Mais do que isso, mina-se a confiança dos jovens no sistema educativo.

É fundamental:

  • Melhorar os mecanismos de orientação vocacional no ensino secundário;
  • Reforçar o acompanhamento psicológico e pedagógico nas instituições de ensino superior;
  • Criar programas de tutoria e mentoria entre alunos;
  • Garantir que os cursos estão alinhados com as exigências do mercado de trabalho.

O facto de existirem cursos onde todos os alunos desistem deveria ser motivo suficiente para uma reflexão profunda e urgente. O ensino superior tem de ser mais do que uma meta estatística — deve ser uma experiência transformadora e acessível, que prepare verdadeiramente os jovens para a vida profissional e pessoal.

Se ignorarmos estes sinais, arriscamo-nos a continuar a perder gerações inteiras de estudantes que poderiam ter sido profissionais competentes e cidadãos mais realizados.

 

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