Os eventos científicos têm sido, historicamente, momentos-chave para a partilha de conhecimento, validação de resultados e networking entre investigadores. No entanto, muitos de nós já participámos em conferências onde a experiência se resumiu a assistir, em silêncio, a sucessivos monólogos sobre o que cada um fez — com pouco ou nenhum espaço para diálogo genuíno, trocas de ideias ou construção conjunta.
O propósito original destes encontros parece, por vezes, diluir-se numa agenda apertada, numa maratona de apresentações que, apesar de interessantes, não fomentam a verdadeira conexão entre os pares. O resultado? Uma oportunidade perdida de criar redes, discutir dificuldades comuns, pensar em soluções colaborativas e, acima de tudo, aprender uns com os outros.
Mais do que partilhar resultados, os eventos científicos devem ser espaços vivos de interação. Locais onde não só se apresenta, mas também se escuta, se questiona, se debate. Onde o foco não é apenas o que foi feito, mas como foi feito, o que não correu bem, e o que podemos construir juntos a partir daí.
Está na hora de repensar o formato. De incorporar sessões mais interativas, momentos informais de conversa, workshops colaborativos e até falhas partilhadas — sim, porque aprender com o erro também é ciência.
Se queremos ciência mais aberta, humana e colaborativa, os nossos eventos têm de refletir isso. Que tal começarmos por mudar a forma como nos encontramos?