Em várias cidades portuguesas, e em Peniche em particular, existem casas construídas pelo Estado para responder a necessidades urgentes de habitação. Muitas foram erguidas nos anos 70 para alojar os chamados “retornados” vindos das ex-colónias. Hoje, décadas depois, parte destas habitações encontra-se degradada, emparedada e fora do mercado.
É um contraste difícil de ignorar: numa cidade com um enorme potencial turístico, com preços de habitação a subir e uma procura crescente por alojamento, existem dezenas de casas fechadas, a degradarem-se, sem uso nem manutenção. Para além do impacto visual e social, é também um desperdício de recursos públicos.
A pergunta impõe-se: porque não recuperar e colocar estas casas no mercado, seja para arrendamento acessível, seja para venda ou projetos sociais? A reabilitação urbana poderia gerar empregos, revitalizar bairros inteiros e dar uma nova vida a zonas hoje esquecidas.
Peniche tem condições únicas para atrair residentes, estudantes e turistas. No entanto, enquanto parte do parque habitacional público continuar emparedado, perde-se não só oportunidade económica, mas também qualidade de vida para os habitantes locais.
Para mim a degradação física da construção que é um bem de valor, é uma pena. Com planeamento, vontade e investimento, estas casas poderiam ser um motor de desenvolvimento – em vez de um símbolo de abandono.