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O Natal na Aldeia: Onde o Tempo Corre Devagar e os Miúdos Correm Livres

by Susana Lucas
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Este fim de semana, enquanto a aldeia se enfeitava com as cores quentes do Natal, vivi um daqueles momentos que só uma aldeia pode proporcionar. Os miúdos, cheios de energia e entusiasmo, saíram para brincar pelas ruas tranquilas, sem pressas, sem tecnologia – apenas eles, a imaginação e o som das folhas a estalar sob os pés. Mas, quando mais de uma hora passou sem sinal deles, confesso: o meu coração apertou.

Começamos a nos mobilizar para irmos procurar, já com mil cenários a passarem-me pela cabeça, quando a Rosinha, a mulher do presidente da junta que conhece a aldeia como a palma da mão, me tranquilizou com um sorriso. “Não te preocupes. Aqui não há problema. Todos sabemos quem são e onde estão.”

Foi então que me dei conta de algo especial. O Natal na aldeia não é só sobre luzes na praça, o cheirinho a lenha queimada ou as missas à meia-noite. É também sobre a segurança que só uma comunidade unida pode oferecer. Aqui, as crianças têm a liberdade de serem crianças, de explorarem o mundo ao seu ritmo, enquanto cada vizinho é um pouco mãe, pai ou avô delas.

Numa aldeia, todos sabem quem são os miúdos, onde estão e o que estão a fazer. Não há segredos. Há apenas um senso de responsabilidade partilhada, um cuidado mútuo que parece mais forte nesta altura do ano. É a Rosinha, que vê os miúdos a passar e sabe que estão bem. É o Zé do café, que manda um “eh lá, devagar com essas correrias!” quando eles atravessam a praça. É cada casa com uma janela acesa, cada vizinho que sabe de cor os nomes e as caras das crianças da aldeia.

Quando eles finalmente voltaram, de bochechas rosadas e olhos brilhantes, carregados de histórias de aventuras entre as árvores, percebi que não era preciso preocupar-me. Aqui, a aldeia cuida. E no Natal, essa proteção parece ganhar ainda mais força – como se todo o amor que enfeita as casas se espalhasse também pelas ruas.

No fundo, é isto que torna o Natal na aldeia tão especial. Não é só a paz do lugar ou a beleza das tradições. É a certeza de que, entre a magia e as luzes, há uma rede invisível de laços humanos que mantém todos juntos e em segurança.

Porque na aldeia, os miúdos podem demorar o tempo que quiserem para voltar para casa. Nós sabemos que, mesmo longe, eles estão sempre perto.

Bem-haja Famalicão da Serra!

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